Quando a IA quase apagou o cliente do próprio artigo: o caso do Ideal Clube de Fado
Em 2024, o Ideal Clube de Fado, no Porto, fez o que qualquer negócio responsável e atento faz: criou um artigo de blog pensado para ajudar quem visita a cidade a escolher onde ouvir fado.
O objetivo era claro: educar o público. Explicar as diferenças entre vários tipos de experiências, desde os restaurantes com fado ao vivo (as chamadas casas de fado) até ao seu próprio modelo, único no Porto, de concertos de fado puro, sem jantar.
Era um bom artigo: informativo, claro, bem escrito e alinhado com o que os visitantes procuram.
Mas mesmo com tudo isto feito, o artigo ia quase apagar o próprio Ideal da história.
Foi aqui que a Kaksi Media entrou.
O conteúdo estava certo
No artigo, o Ideal Clube de Fado começava por explicar que:
- Nem todos os locais com fado ao vivo são, tecnicamente, casas de fado.
- A lei portuguesa define casa de fado como sendo um restaurante com serviço de refeições e espetáculo de fado.
- O Ideal Clube de Fado, por ser uma sala de concertos e não um restaurante, não usa essa designação.
Logo depois, o próprio Ideal era apresentado como a principal opção para quem procura ouvir fado puro, sem jantar.
Só depois o artigo listava, de forma numerada, as 6 casas de fado que funcionam com jantar, nomeadamente:
- Casa da Mariquinhas
- Aniki
- Fado Português
- O Fado
- Taberna Real do Fado
- Mal Cozinhado
Estava tudo certo. Informação rigorosa, útil e bem explicada. O leitor entendia rapidamente as opções e podia escolher o que lhe fazia mais sentido.
O teste que mudou tudo
Algum tempo depois, fizemos um exercício simples:
Pedimos ao ChatGPT uma lista de recomendações de locais para ouvir fado no Porto.
O resultado?
- A IA devolveu a lista com as 6 casas de fado numeradas no artigo.
- O Ideal Clube de Fado, apesar de ser o autor do artigo e a primeira sugestão logo no início… ficou de fora.
- A IA ainda citou o site do Ideal como “fonte”, mas não o incluiu nas recomendações.
O herói tinha sido apagado da sua própria história.
Porque é que isto aconteceu?
A explicação não é técnica. É lógica.
As máquinas, sejam motores de busca ou inteligências artificiais, não lêem como nós.
- Procuram listas.
- Dão prioridade a estruturas numeradas.
- Assumem que as listas representam as recomendações principais.
Ao encontrar uma introdução com o Ideal mencionado, seguida de uma lista numerada com outras casas de fado, a IA fez um raciocínio simples:
“As recomendações estão aqui, nestes 6 pontos numerados. O que veio antes foi só explicação.”
O Ideal acabou na introdução, mas fora da lista principal.
Para o leitor humano não havia confusão.
Para a IA, havia.
O problema maior
Este é um exemplo pequeno, mas real, de um problema que vai crescendo todos os dias:
Os conteúdos certos podem ficar invisíveis.
O esforço estava feito. O conteúdo era bom.
Mas por não estar estruturado da forma certa para ser lido por máquinas, o risco era real: o Ideal, mesmo sendo o autor da informação, podia ser omitido quando alguém perguntasse a uma IA onde ouvir fado no Porto.
Como se resolve
A solução não passa por escrever diferente.
Passa por pensar na forma como o conteúdo vai ser lido e interpretado.
No caso do Ideal, bastava:
- Incluir o Ideal na própria lista numerada, logo no ponto 1.
- Uniformizar o formato de apresentação de todas as opções.
- Acrescentar pequenas notas dentro da lista para explicar as diferenças (ex: com jantar / sem jantar).
- Organizar bem os títulos e subtítulos, para que a IA entenda as hierarquias de informação.
É um trabalho de detalhe.
Mas esse detalhe faz toda a diferença.
A lição
Cada vez mais, criar conteúdos para um site não é só escrever bem.
É escrever para humanos e, ao mesmo tempo, para máquinas que estão a decidir o que mostram a seguir.
Quando o conteúdo não tem a estrutura certa, pode desaparecer dos lugares onde o cliente mais precisa de aparecer.
A maioria dos negócios não falha por falta de qualidade.
Falha porque ninguém lhes explicou como as máquinas realmente leem o que escreveram.
O papel da Kaksi Media
Na Kaksi, não escrevemos só textos.
Construímos conteúdos que funcionam.
Sabemos como as IA leem. Sabemos como o Google lê.
E sabemos o que é preciso fazer para que os nossos clientes não sejam apagados das suas próprias histórias.
O herói já existia.
Nós só o colocámos no centro do palco.
Este caso real é um exemplo prático do que abordamos no artigo O seu site pode estar invisível para a IA em 2025.
