Kaksi Media

WordCamp Europa 2014: das maças e de tudo o resto

WordCamp Europe

Uma, duas, três, quatro, cinco, muitas folhas A4 espalhadas pelas extensas mesas não deixavam margem para dúvidas. Era mesmo preciso lavar as maçãs. Também havia bananas mas ninguém come bananas com casca. Já as maçãs… Era preciso lavar. “Lavaste a maçã?” foi uma das frases mais ouvidas durante todo o primeiro dia do WordCamp Europa 2014 (WCEU), que decorreu entre sábado e segunda em Sofia, capital da Bulgária.

Era mais que uma brincadeira. Era um sintoma de que a comunidade WordPress estava de novo junta. Quem nunca se tinha visto perguntava acerca da limpeza da maçã. Bastava que tivesse uma na mão. Ou, às vezes, nenhuma. Estava criado um ‘meme’.

macas

Se algum gelo houvesse para quebrar, a maçã serviu para o picar. Na realidade não havia. É um dos aspectos fundamentais da comunidade. Quem vai a um WordCamp faz parte da família.
Não é em qualquer sítio que um programador de topo, como Konstantin Kovshenin, toma a iniciativa de falar com dois portugueses que nunca tinha visto. E, de repente, a conversa flui com naturalidade, como se fossemos velhos amigos. O tópico ajuda. Falamos sobre WordPress, que é o tema perfeito para se falar num WordCamp. Sobre este WordCamp, sobre o estado do WordPress, sobre a comunidade russa, a comunidade portuguesa e descobrimos que apesar de longe uns dos outros, com muitas diferenças sociais e de costumes, há muitas coisas semelhantes.

Ao nosso lado passa Andrew Nacin, um dos principais programadores da equipa do ‘core’, o núcleo central de ficheiros que dá origem a este sistema de gestão de conteúdos. Passo apressado. É o próximo a falar na sala principal. A sessão começa dentro de poucos minutos e há que preparar o material. É um processo rápido. Há dois voluntários prontos para apoiar. Num abrir e fechar de olhos o MC da sala já o está a apresentar. Como se fosse preciso.

Mais tarde no evento encontramos Matt Mullenweg na fila do almoço a conversar com Joost de Valk. O holandês é tal qual o boneco que constitui também o seu avatar. Antes já tínhamos visto Matt na escada junto a Nacin e outros participantes do WCEU.

Matt Mullenweg

No segundo dia do evento Matt Mullenweg, um dos co-fundadores do WordPress, fez um chat com Om Mallik, ex-jornalista do sector de tecnologia e um dos primeiros utilizadores do WordPress. Em jeito de entrevista, completa-se com uma sessão de perguntas e respostas onde o texano que lidera a Auttomatic clarificou quem quis tirar dúvidas.

Há voluntários por todo o lado. São muitos. As t-shirts vermelhas não enganam. Estão prontos e disponíveis para ajudar. Chega a dar a ideia de serem demasiados mas, na verdade, nunca há voluntários a mais num WordCamp.

Nas duas salas as sessões seguem o seu ritmo natural. Cumprindo horários sem constrangimentos, com naturalidade, como se o WordCamp fosse a actividade do dia-a-dia de quem ali estava. A máquina, se se pode catalogar de máquina, estava bem oleada e, à parte uma sessão cancelada, outra alterada e uma pequena alteração no horário, tudo correu como planeado. Ou talvez não tenha corrido. Talvez tenham existido problemas inesperados, imprevistos e tenha havido necessidade de improvisar. Se houve, não se notou.

Matt Mullenweg no WCEU Sofia 2014. Foto por Margarit Ralev
Matt Mullenweg no WCEU Sofia 2014. Foto por Margarit Ralev

Na sala dois quem ficava nas filas de trás tinha alguma dificuldade para ouvir alguns momentos da sessão. Resolveu-se o problema com a instalação de mais colunas. No almoço do primeiro dia as filas eram enorme. No segundo reorganizou-se o esquema e tudo correu melhor. Alguém perdeu um telefone, uma carteira? Está, de certeza, nos perdidos e achados. Onde fica? No balcão de registos. Onde é isso? Toda a gente sabe. Todos tiveram de passar por lá no arranque de trabalhos, por isso não há que enganar.
Tudo se resolveu a contendo, como quando basta acrescentar uma linha de código para colocar a funcionar um website que estava ‘em baixo’.

Que corra bem

 

Claro que todos queremos que corra bem. E compreendemos se algo falha. Quem ali está não é profissional de organizão de eventos. São voluntários que oferecem muitas das suas horas de trabalho ou tempo livre a uma comunidade que já não dispensa uma conferência desta magnitude no velho continente.

Estamos presentes para aprender, para ser inspirados mas também pela experiência. Queremos passar bons momentos, conhecer gente de outros países. Partilhar argumentos e ideias mas também pequenos momentos na vida de outras pessoas. Como nos aconteceu com o italiano Luca, de Milão, que passou por uns momentos de stress quando não conseguiu levantar dinheiro numa caixa ATM e teve de contactar o banco com urgência. Como os britânicos Steve e Dan, com quem partilhamos um táxi de e para o aeroporto. Participar  num WordCamp é estar pronto a partilhar. Como quando se carrega no botão Publicar de um website WordPress ou quando ajudamos um colega a resolver um problema.

É por tudo isto que participar WCEU é muito mais que assistir às apresentações. Como em qualquer encontro do género houve de tudo. Excelentes, boas e razoáveis. Uma das melhores foi nossa (sem chauvinismo). Hugo Fernandes falou sobre o desenvolvimento da criatividade e como o nosso cérebro é condicionado. Falando na sala 2, depois da sessão de Matt e em concorrência com Joost, conquistou a plateia. Distribuiu rebuçados, interagiu com os presentes motivando-os a um exercício prático, deixou o sisudo camaramen a sorrir e viu o orador seguinte pedir-lhe um slide emprestado. Foram vários os tweets publicados sobre a apresentação.

Em breve todas as apresentações estarão na WordPress TV e poderão apreciá-las, fazendo o vosso juízo. Mas fica o aviso: não é a mesma coisa. Faltará o ambiente, todo o envolvimento do momento, o sentimento de comunidade. É uma sessão do WordCamp mas não é o WordCamp.

Até 2015.

P.S. Não falo sobre a ‘after party’. É coisa para ficar entre quem lá esteve. Oxalá fosse instituída uma regra semelhante ao ‘fight club’.

P.S.2. No WP-Portugal escrevi sobre a apresentação – excelente – de Hugo Fernandes no evento.

José Freitas

José Freitas

Ajudo pequenas e médias empresas e empreendedores a criar estratégias online para conseguirem melhores clientes, através da comunicação relacional. Na minha vida passada fui jornalista durante 25 anos. A comunicação é a minha praia. Viciado em café intenso e aromático.

Queres receber as nossas mensagens semanais o teu email?

As nossas mensagens são compostas por pequenos textos escritos a pensar em ti (sim a sério, a pensar em ti).

Não enviamos SPAM porque também não gostamos de o receber.