Gostamos de brincar com os sites. Sério, gostamos mesmo muito.
Não se trata de brincadeira, mas um gosto especial em afinar e acertar os sites para que possam ser mais rápidos e providenciar uma melhor navegação a quem os visita.
Dizemos que gostamos de brincar, como quando eramos crianças e testavamos modelos de aviões em papel a ver qual deles voava mais longe. Alguns iam a direito até bastante longe, outros conseguiam voar em círculos e demoravam uma eternidade até tocar o chão. Parece brincadeira de criança, mas muitos adultos não conseguiam fazer o mesmo, e isso dava uma pica imensa.
Tal como quando brincamos com os sites.
Em muitas conversas ouvimos alguém dizer que o seu site está lento, que demora meio minuto a abrir uma página de produto na loja online e que quando exibe a informação, já o seu visitante teve tempo de comprar produto semelhante na loja da concorrência. E a culpa é sempre de quem lhe fez o site, ou do alojamento que é barato e fraco, ou do… e do… sei lá. Mas muitas vezes não dizem que a culpa é deles, SIM do dono do site que quis instalar uma funcionalidade que ele quer (e que se calhar os visitantes nem necessitam) e por vezes de quem fez o site que não soube ou conseguiu dizer NÃO.
Por vezes, quando sabemos brincar aos sites temos que saber dizer NÃO e conseguir limpar toda a tralha que o site arrasta. Um tema para isto, um editor para aquilo, este plugin para aqueloutro, e esta funcionalidade só porque sim.
Nestas alturas gosto de contar uma história, que aqui vos deixo:
Nos finais dos anos oitenta, na altura que Matosinhos era sinónimo de progresso, tecnologia e cidade em evolução, um dos grandes pólos de interesse dos diversos fins de semana ‘culturais’ eram as feiras da Exponor, sendo que ainda hoje me recordo de uma exposição de automóveis onde o stand da Ferrari ia apresentar aos Portugueses a Jóia da Coroa, o Ferrari F40. Mesmo sendo um eterno apaixonado dos Porsche, fiquei de boca aberta com o F40. O carro parecia feito para impressionar, a frente aerodinâmica era seguida por umas linhas minimalistas e elegantes e terminavam num aileron que parecia ser capaz de prender o carro à estrada a qualquer velocidade. Devo ter gasto uns dois rolos de fotografias com os vários detalhes do carro, até que o representante do stand me convidou a fotografar o interior.
Sério? Posso fotografar o interior do F40? E timidamente avancei para além da zona de proteção e abri a porta. Mas o interior não era nada daquilo que imaginei, Não tinha rádio, nem madeiras, não tinha sequer puxadores para abrir as portas, apenas um fio. Raios, até o portão da aldeia tem um puxador melhor que este sistema.
Perante a minha cara de desilusão, o representante da Ferrari logo se dispôs a explicar: os engenheiros retiram tudo aquilo que pudesse pesar no carro. O que importa é o aspeto exterior e a performance. O rádio, as madeiras ou os puxadores em nada contribuem para a performance do carro. Até a pintura do carro leva menos camadas de tinta para garantir que não fica pesado. Mais que o conforto do condutor, quem conduz o F40, quer velocidade e causar espanto a quem o observa.
Com tanta história, acho que perdi o fio à meada, mas vocês sabem onde eu queria chegar, certo?
___________
Photo credit: Damian Morys Photography via Foter.com / CC BY