Apresento-vos Guy Montag. É um homem simples, que vive o dia a dia. Sem demasiadas expectativas e com nenhuma esperanças de fazer algo que o ajude a entrar para a história.
Montag é bombeiro. Um determinado tipo de bombeiro. Em vez de apagar fogos, a sua função é queimar os livros de quem os lê. No local onde vive, que não nos é apresentado, no tempo em questão, que não sabemos qual é, ler livros é ilegal. Um dia, ao regressar do trabalho, conhece a nova vizinha, Clarisse McClellan, cujo pensamento livre e espírito crítico o vão levar a questionar a sua vida e a sua ‘alegada’ felicidade.
Esta é uma muito livre apresentação de “Fahrenheit 451”, o livro de Ray Bradbury, publicado em 1953. Ainda não li o livro, admito. Em contraponto vi o fascinante filme que François Truffaut fez baseado na obra.
No essencial, o livro apresenta-nos uma sociedade fechada, onde o pensamento deve ser único, sem liberdade, onde a censura faz parte da lei.
Ao que tudo indica foi em “Fahrenheit 451” que o Internet Engineering Steering Group se inspirou para nomear o novo código de estado HTTP para indicar a existência de “obstáculos legais” a um determinado conteúdo online. O código de erro 451 foi aprovado a 21 de Dezembro passado.
Determina que os websites forçados a bloquear recursos, como páginas e respectivos conteúdos, devem apresentar aos visitantes um código 451.
O que significa 451
Agora, quando um site é alvo de bloqueio parcial ou total por parte de autoridades políticas ou judiciais é apresentado o erro “403: Forbidden”. Em causa podem estar questões como perigo para a segurança nacional, violações de direitos de autor, leis contra a blasfémia ou determinações de tribunais.
O novo código é apresentado como uma melhor forma de descrever a situação que o 403. Falta saber se será útil. E, já agora, utilizado.
Alguns sites podem ser forçados a produzir erros 404 (File Not Found) ou parecido se não tiverem permissão legal para revelar que o conteúdo em causa foi removido. À partida será pouco provável que governos que determinam a censura de conteúdos online autorizem o uso de um código que indica que algo foi proibido.
O Internet Engineering Task Force (IETF) é a entidade responsável por regular os padrões técnicos da Internet. Numa primeira fase este grupo resistiu à ideia mas um aumento da censura online levou a uma mudança de decisão.