Estava a correr bem. O texto, já longo, estava perto do fim. Faltavam apenas duas ou três linhas mais, numa conclusão que se previa apressada porque tudo o resto estava contado e dentro do contexto. Mas o telefone tocou.
A conversa prolongou-se por algum tempo, implicou navegação na internet e, quando acabou, foi o fim. O fim da ligação telefónica, o fim da navegação, o fim do browser, fechado à força, e o fim do texto que estava por concluir no editor do WordPress.
Poderiam mais de 30 minutos de um artigo completo ter-se perdido, de todo, obrigando a um reinício, a uma reescrita que nunca seria igual à anterior?
Temendo o pior reinicio o browser, faço login no painel de administração do website, e, com o coração a acelerar, carrego na palavra Artigos do menu.
Já não dá para esconder a ansiedade, enquanto os olhos se dirigem para a área central do ecrã à procura do texto. Lá está ele, acompanhado pela palavra Rascunho. O suspiro de alivio. O momento de alegria é interrompido quando me lembro que nem todo o texto poderá estar salvo. Qual terá sido a última versão que o WordPress salvou? Será que aquelas linhas a meio do texto que tinha retirado ainda lá estão? O melhor é acabar de vez com isto. Cursor em cima do Editar e aí vai disto. Clico no rato.
Percorro todo o texto de forma rápida, tentando confirmar que está tudo bem.
Está tudo bem. Respiro de alívio. Deixo cair os braços, como se tivesse acabado uma maratona. O ritmo cardíaco desacelera, há um progressivo regresso à normalidade.
Assim, quase como quem não quer a coisa, o sistema de salvar automático do WordPress salvou-me muito tempo, algumas dores de cabeça e devolveu-me a vontade de sorrir.
P.S. A relação que tem isto a ver com o famoso livro fica a cargo da vossa imaginação.