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Porque não deves usar sliders no teu site

slider

Os sliders continuam a ser uma das opções estéticas preferidas de muitos sites.

É assim há muitos anos. É fácil perceber porquê.

Os sliders criam uma animação na entrada do site, oferecendo um ar dinâmico.

Permitem mostrar, no mesmo espaço, várias imagens e respectivas mensagens que os proprietários dos sites pretendem apresentar aos visitantes.

Apesar disto, e também por isto, não os deves usar.

Por muitas e boas razões, como vais perceber já a seguir.

Os sliders causam ‘cegueira’ numa mensagem

Sejamos honestos.

A esmagadora maioria dos utilizadores não dá nenhuma importância aos sliders. Nenhuma.

Em 2012, Jakob Nielsen realizou um teste de usabilidade num site, onde foi dada aos utilizadores a tarefa de responder a uma pergunta: “A Siemens está a fazer alguma promoção em máquinas de lavar?”.

Essa informação estava no slide mais importante mas os utilizadores não conseguiram ver isso, numa espécie de ‘cegueira’ perante um conjunto de mensagens.

No mesmo estudo, os autores apuraram que os sliders em carrossel irritam os utilizadores, em particular quando têm rotação automática.

Apesar de bem visível na página, a promoções 'perde-se' na rotação de sliders
Apesar de bem visível na página, a promoções ‘perde-se’ na rotação de sliders

Assim, o efeito pretendido pelos sliders em carrossel perde-se:

  • por ausência de relevância,
  • pela falta de foco,
  • e pela inutilidade.

Como se não fosse suficiente até prejudicam a optimização para os motores de busca.

Vejamos:

  • Os indicadores apontam para que apenas um por cento dos visitantes clica num slide. Por norma é o primeiro. O que nos leva a concluir que podia e devia ser uma imagem estática. O resultado seria o mesmo;
  • Os sliders atrasam o carregamento do site prejudicando a experiência do utilizador e afectando, de forma negativa, a optimização dos motores de busca, porque toda a gente sabe que o Google exige sites rápidos;
  • Apesar dos avanços dos últimos anos, os sliders nem sempre funcionam bem em dispositivos móveis. Outra característica que prejudica a visibilidade junto dos motores de busca;

Junta a tudo isto as limitações existentes em termos de acessibilidade (pessoas que usam leitores de ecrã e com problemas de mobilidade). Sem esquecer as pessoas que lêem de forma mais lenta e ficam incomodadas quando um slider dá lugar a outro.

Porque é que os sliders em carrossel não funcionam?

O olho humano reage ao movimento e isso faz com que haja uma elevada probabilidade de perder aquilo que é importante. É instintivo e, portanto, não é algo que a maior parte das pessoas possa controlar.

Ausência de foco: ter muitas mensagens é igual a não ter mensagem

Há a sugestão de ausência de foco, como se não conseguíssemos escolher a melhor imagem para inserir, naquele momento, no nosso site. Se não sabemos atribuir prioridades, estamos à espera que o nosso visitante ou cliente saiba?

O mesmo acontece em relação à mensagem. Nos sliders é costume haver texto, uma mensagem que se pretende transmitir ao utilizador. Se não conseguirmos estabelecer uma ideia central daquilo que podemos fazer por ele, deixamos essa tarefa para o cliente?

Ter muitas mensagens é igual a não ter mensagem
Ter muitas mensagens é igual a não ter mensagem

Imagina comigo. O visitante chega ao teu site e fica ‘preso’ à primeira imagem que vê. Está a ler a mensagem que começa a captar ainda mais a atenção. Já tens o visitante quase conquistado e… baaammm!, muda o slider. Acabaste de estragar o momento do utilizador do teu site. Mesmo que ele possa voltar aquele slider ou que aceite esperar uns segundo até ele voltar a aparecer, algo ocorreu que perturbou a sua experiência de navegação do site. Pode ter sido apenas uma lomba na estrada, na melhor das possibilidades, ou um enorme buraco que fez desaparecer o seu interesse, na pior.

A tua empresa, o teu site, não tem (e não deve) mostrar todas as ofertas e propostas que fazes aos clientes num abrir e fechar de olhos. Se o fizeres estás apenas a confundir as pessoas.

A reacção de ‘cegueira’ perante banners

Os sliders em carrossel têm muitas semelhanças com os banners publicitários e isso faz com que as pessoas não lhes dêem atenção.

As pessoas gostam de estar em controlo

É sabido, por muitos testes e muitos anos de avaliações, que o comportamento humano online é muito semelhante ao comportamento humano offline. Num caso como noutro, as pessoas gostam de se sentir seguras. Para isso, preferem controlar a situação.

Ora, os sliders têm, por norma, uma péssima usabilidade. Têm uma rápida rotação, não facilitam a navegação entre eles e muitas vezes movem-se automaticamente, mesmo quando quer ser o utilizador a faze-lo.

Online ou offline as pessoas gostam de se sentir seguras. Para isso, preferem controlar a situação
Online ou offline as pessoas gostam de se sentir seguras. Para isso, preferem controlar a situação

Mas e se eu quiser mesmo um slider no meu website?

O site é teu, portanto podes inserir o que quiseres, desde que cumpras a lei.

Até ver, os sliders ainda não foram proibidos (mas deviam).

A questão que tens de te colocar é, lamento dizer, outra: Para quem é que quero o meu site?

Suponho que não seja para ti, porque já conheces o que tens para oferecer ao mundo. Logo, o teu público-alvo são outras pessoas.

Vale mesmo a pena ofereceres um slider a quem não lhe vai ligar nenhuma importância?

Queres assim tanto mostrar as diversas coisas que tens para oferecer ao ponto de confundires os utilizadores com excesso de informação?

Duas pessoas entram numa loja de roupa…

Entra comigo numa loja de roupa. Estamos à procura de camisas. O estabelecimento parece interessante. Assim, à primeira vista, tem uma montra agradável.

Abres a porta e acontece algo estranho.

De repente, vêem ao teu encontro três ou quatro funcionários, já não sabes bem quantos.

Em cascata. Uns a seguir aos outros. Apresentam diversos produtos.

O primeiro fala das excelentes camisas que podes encontrar na loja. São de qualidade. Têm bons preços. Isto é algo que te interessa. Ainda está a apresentar as camisas até que, de repente…, cala-se.

Começa outro funcionário a falar. Agora sobre a promoção das calças que decorre esta semana. Pague duas leve… (bammm!). Cala-se para dar lugar ao seguinte.

Este sugere a nova coleção de t-shirts de uma marca bem conhecida, com preço de lançamento especial… Pumba!

Regressa o primeiro a dizer as mesmas coisas que já tinha dito há pouco.

Só que, desta vez, já não estás a ouvir.

Na sequência rápida de funcionários já não sabes o que fazer.

  • Se queres manter-te nas camisas.
  • Se preferes espreitar a promoção das calças.
  • Ou dar uma olhadela às t-shirts.

É possível que faças isto tudo. Já que estás aqui…

Também é provável que depois do assédio e depois da aventura de ver toda a oferta te sintas cansado e confuso. Ao ponto de preferir ir embora.

“Vim só ver. Depois volto cá para comprar”, dizes a estes funcionários, em jeito de despedida.

Talvez voltes, talvez não (provavelmente não).

Uma mente confusa nao compra
Uma mente confusa nao compra

Mas eu quero mesmo o slider em carrossel…

Bom, há quem goste de ter três ou quatro funcionários a buzinar sugestões mal entram numa loja. Talvez os teus clientes sejam desse tipo.

Portanto, se quiseres mesmo esse slider, então faz com que seja amigo dos teus utilizadores.

Deixa que sejam eles a controlar.

Retira o slider do automático e, quando muito, deixa setas ou pontos para que o utilizador saiba que há ali mais qualquer coisa.

Dá prioridade ao conteúdo, em particular ao visual, que tem de ser de extrema qualidade.

Testa sempre e procura analisar com que frequência os utilizadores carregam nas setas para ver as outras imagens do slider. E avalia se vale a pena teres um slider a funcionar. Se a conclusão for positiva, parabéns, és um dos poucos que beneficia deles.

Procura aproveitar esse factor. Faz com que sejam um guia para aquilo a que atribuis prioridade e que sirva para ajudar os visitantes a conhecerem aquilo que tens para oferecer.

Agora vai ver o teu site, verifica se aquele slider é mesmo útil. Se não for, faz um favor a ti próprio e aos teus visitantes e transforma-o numa imagem estática.

José Freitas

José Freitas

Ajudo pequenas e médias empresas e empreendedores a criar estratégias online para conseguirem melhores clientes, através da comunicação relacional. Na minha vida passada fui jornalista durante 25 anos. A comunicação é a minha praia. Viciado em café intenso e aromático.

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